Alimentação sem glúten

sem glúten

Para quem ainda não me conhece eu tenho dois meninos lindos, um de 3 anos, feitos em outubro passado e outro de 7 anos e meio. Quem me tem lido nos últimos tempos já deve ter visto uma mão gordinha e papuda, como só os bebés têm, e uma outra mão magrinha e esguia como só o meu mais velho tem. 🥰 O mais novo, desde pequenino que tem noites muito agitadas, sono interrompido e muito choro durante o dia sem razão aparente. O mais velho (depois do primeiro ano de vida) sempre dormiu muito bem, seguido e sossegado. Há muitos pais que dizem que depois dos seus filhos nascerem nunca mais tiveram uma noite de sono tranquila e isso com filhos já com mais de 5 anos. O meu primeiro é uma paz. Já o meu segundo… ele é um desses, dos que nunca tem noites tranquilas e, apesar do inconveniente (😂), já estou (estava) resignada.

Por não haver tanta biodisponibilidade de certos nutrientes no mundo vegetal, ao fazermos uma alimentação 100% vegetal, é imperativo estarmos mais atentos ao nosso corpo. Como o nosso corpo nem sempre se expressa de forma reconhecível, fazer análises completas ajuda-nos a perceber o que está em falta para posteriormente compensarmos, sempre que possível com alimentação ou, se não for exequível, com suplementação.

Todos fazemos análises uma vez por ano. Este ano o pequenito foi fazer pela primeira vez. E eis que, quando os resultados chegaram, descobrimos que ele tem doença celíaca. Foi completamente inesperado. O meu miúdo não tinha as queixas típicas. Não havia distensão abdominal, azia ou dores intensas após a ingestão de alimentos com glúten. Não havia perda de peso ou de apetite. Nada que apontasse nessa direção. Mas a verdade é que após um mês de evicção total de alimentos com glúten o meu miúdo passou a ter noites muito mais calmas e até ganhou peso (coisa que não precisava 😅). O irmão passou a fazer a mesma alimentação, assim como eu, e também saiu a ganhar.

O glúten é um composto de proteínas que pode ser encontrado nos cereais como o trigo, o centeio e a cevada. A aveia, apesar de não ter glúten, pode ser altamente contaminada no cultivo de proximidade com cereais com glúten ou mesmo no seu processamento. Só a aveia com certificação de isenção de glúten poderá ser consumida por quem tem doença celíaca.

Parece muito simples deixar de comer glúten, mas exige de nós muita leitura de rótulos. Assim de repente só teríamos de deixar de comer massa (que é na maioria das vezes de trigo) e pão, mas não. Há muitos outros alimentos que «podem conter vestígios de glúten» e que são potencialmente prejudiciais para aqueles que têm doença celíaca. No caso das sementes de chia ou de linhaça, por exemplo, estas poderão «conter vestígios de glúten» às custas do embalamento. No caso da farinha de grão-de-bico, que é 100% grão-de-bico moído, a contaminação acontecerá na moagem do grão, pois frequentemente a cuba de processar o grão é a mesma de processar cereais como o trigo ou o centeio. Estes são apenas 2 exemplos, sementes e uma farinha de leguminosa, mas são quase infinitos os alimentos com contaminação cruzada. Uma alimentação segura é exigente pelo que a leitura de rótulos é imprescindível.

Esta partilha surgiu para vos explicar porque é que, de repente, as receitas que vou publicando no blogue e as gordices em forma de bolo e de bolachas que vou mostrando no Instagram são agora sempre sem glúten. É um mundo novo, acertar no ponto das misturas de farinhas, mas aos poucos eu chego lá.

Nos dias em que algum amiguinho do mais novo faz anos e leva bolo para a escola, para festejar com os amigos, eu faço algum bolo diferente para ele poder festejar comendo de forma segura. Já fazia porque não queria que ele comesse alimentos de origem animal, agora somou-se este detalhe tão importante, não conter glúten na massa dos bolos. Umas vezes leva uma fatia de um bolo, outras um queque. O objetivo é que se sinta integrado e feliz.

A foto de hoje é de um queque de alfarroba e cacau com recheio de creme de alfarroba. É sempre uma bela surpresa dar uma dentada num bolo denso e sentir o interior húmido e docinho.

Neste queque usei farinha de trigo sarraceno, farinha de aveia e farinha de milho para substituir a farinha de trigo na receita. Ficou uma delícia! Mas atenção que cheguei a pensar que ia deitar fora a massa toda, porque quando a estava a misturar começou a engrossar e a ficar difícil de mexer… Mas não, correu lindamente e ficou muito saboroso! Tive sorte! 😊

Se também andam a experimentar não desistam. Força!